Newspaper

Olá,

E chegou a sexta-feira. Sexta-feira de uma semana corrida que deu continuidade ao ritmo insano e frenético iniciado na semana passada, mas desta vez eu consegui uma sexta pra respirar. Esta semana ocorreram dois acontecimentos que movimentaram a comunidade RPGista (por isso o título Newspaper), um em âmbito mundial e o outro no âmbito nacional, respectivamente: O D&D Basic foi lançado e disponibilizado gratuitamente para download e foi anunciada a fim da parceria Red Box com a Daemon.

Como foi abordado anteriormente aqui no Nowhere, a estratégia da WotC seria do lançamento de um starter set este mês e juntamente com ele a disponibilização do D&D Basic, o pdf contendo o básico do D&D Five-Ô (5.0) para download. Ao longo das últimas semana, a WotC disponibilizou previews da arte e de algumas páginas dos livros referentes ao 5.0, mais especificamente do Starter Set e do Livro do Jogador. Ainda mantendo aquela estratégia que mencionei no capítulo sobre o D&D 5.0, de aproximação com o público, uma maior transparência e soltar previews para aumentar a ansiedade dos possíveis futuros consumidores e aplacar o possível comportamento hater de quem não gostar de certas mudanças no sistema. Aparentemente a estratégia tem dado certo e o retorno tem sido positivo, com blogs e sites abordando o material e apresentando suas impressões – quem acompanha a blogosfera brasileira sabe que 75% dos blogs falaram do assunto, os outros 25% não mexem com d20.

E, como prometido, o D&D Basic foi disponibilizado gratuitamente para aqueles que desejarem já ir testando o D&D antes de torrar seu dinheiro no material físico. Ele está disponível no link: http://media.wizards.com/downloads/dnd/DnDBasicRules.pdf Então, vocês podem ir lá e verificarem com seus olhos – mas se forem ler no PC, deem um zoom, eu mesmo pretendo imprimir o danado enquanto não adquiro meus exemplares físicos do Five-Ô. O material tentou retomar um pouco aquela pegada Old School com bastante fluffy (material descritivo), mas sem largar a busca pelo equilíbrio do 4.0 (o que desagradou alguns que acham que o equilíbrio não deve existir na mecânica, mas no jogo em si, na mestragem) e utilizando de mecânicas passivas que remetem ao 3.X – inclusive um dos meus amigos, que é fã do 3.X, se interessou em jogar o danado quando ele mesmo fugiu do 4.0 quando deu uma olhada no sistema. Um ponto digno de nota é a ausência de um bestiário no material liberado. Ainda há a dúvida se é porque o material liberado até o momento é referente ao Livro do Jogador e próximo do lançamento do Manual dos Monstros haverá um Bestiário Basic ou se o Basic abordará só estes elementos mesmos. Por enquanto, a alternativa sugerida nas comunidades é de que peguem o Bestiário presente no playteste, quando ainda se chamava Next. A última atualização pode ser encontrada AQU!

Obviamente houve modificações do material do Next para o material do 5.0, mas já é uma ajuda boa, principalmente porque o Manual dos Monstros é o braço direito do mestre – por mais que se diga que o Guia do Mestre seja o braço direito, a ausência do Manual dos Monstros dificulta bastante a elaboração de jogos, exigindo uma grande quantidade de tempo livre para os mestres que irão conduzir os jogos no d20. Eu mesmo desisti de mestrar o IK após umas cinco sessões devido à falta de um bestiário, pois não tinha tempo livre pra preparar fichas de oponentes – assim como mestrando Storytelling, minhas maiores complicações é justamente fazer ficha de NPC. Sim, eu posso simplesmente sentar e fazer uma ficha ao deus-dará em cinco minutos, mas se eu fizer isso não posso reclamar depois se os jogadores matarem o NPC rápido demais OU se ele der TPK. Grandes poderes exigem grandes responsabilidades…

A segunda notícia da semana foi o desligamento da parceria Red Box e Daemon. O assunto foi abordado anteriormente aqui no Nowhere, acho que mais de uma vez inclusive. Após as negociações iniciarem, veio um grande silêncio, que se acreditava que estava relacionado à organização nos bastidores, mas o silêncio prosseguiu por meses, chegando a se especular que o silêncio era porque o Marcelo estava se dedicando ao cardgame de criação dele que estava em financiamento no Cartase. Na comunidade do Trevas RPG, alguns assuntos foram abordados pelos membros da comunidade e o Marcelo fez aparições esporádicas, deixando a entender que a parceria não tinha dado certo, tinha empacado por isso ou por aquilo e que com o dinheiro do financiamento que sobrasse iria investir no RPG Quest pra torná-lo um boardgame e posteriormente focar no Trevas. Entretanto o silêncio ainda era mantido sobre os detalhes, até que ontem, o silêncio foi rompido com esta publicação no site da Red Box.

Publicação compartilhada pelo Shingo e pelo Neme no Facebook, abordando o assunto e anunciando a produção de uma obra que tivesse um pé em material mais pesado, gore, com inspiração em algumas publicações da Vertigo, principalmente Hellblazer. Hoje, o Marcelo postou uma nota no seu Facebook:

“Conforme anunciamos, agora que o FILME do TREVAS, “Supernova” está em negociações com distribuidoras, tivemos de suspender toda e qualquer nova publicação sobre o cenário até que tudo fique nos eixos e, como todos voces sabem, conversas com grandes produtoras e distribuidoras de cinema/TV a cabo sempre são beeeemmmm mais complicadas e demoradas do que no nosso pequeno e “entre amigos” mercado de RPG… queremos usar material do filme e da série de TV no TREVAS, mas isso só estará liberado provavelmente em 2015.”

Por um lado, fico triste de não termos o Trevas pela Redbox, mas, por outro, ano que vem completaremos 20 anos do cenário e acredito que retornaremos com um projeto muito maior do que planejávamos.

Estamos publicando agora em Julho um cardgame, Pequenas Igrejas Grandes Negocios, que bateu todos os recordes de arrecadação no Catarse na área de jogos e RPGs e, no final do ano, estaremos republicando o RPGQuest no formato Boardgame, com tabuleiros, miniaturas, masmorras modulares, cartas e tudo o que é necessário para erguer uma nova geração de RPGistas pela base e, em 2015, retornar às atividades normais.”

A comunidade está dividida: tem os que ficaram tristes pois esperavam uma renovação do Trevas em relação ao zeitgest atual; tem os que ficaram felizes porque querem manter o sistema como era antes; tem os que ficaram tristes porque o cenário provavelmente terá ares de fantasia urbana; e tem os que ficaram felizes porque agora há a possibilidade de dois cenários com dois sistemas diferentes abordarem uma temática interessante – permitindo que se use o sistema de um no cenário oposto. Eu particularmente, como entusiasta, fico triste porque era um dos que esperava uma renovação do Trevas para o zeitgest atual. O material do Trevas antigo atendia uma proposta que hoje em dia não é mais tão possível, permaneceu defasada. O sucesso do Trevas se deveu principalmente ao custo baixo e acesso mais fácil, como através de bancas, assim como Tormenta. Mas ao sair da editora Talismã, o trio Tormenta passou o cajado para o Trio Ultimate que vêm reformulando tanto o cenário que ele perdeu aquele ar de cópia de cenário X e tem adotado um perfil próprio, mesmo pra quem joga em outros cenários mais renomados. Eu tinha a mesma esperança de ocorrer isso com o Trevas, mas acho que ficará pra próxima. Muito provavelmente comprarei os dois materiais, como compulsivo que sou, mas isso não quer dizer que estou empolgado por isso. Nestes anos de RPG aprendi a esperar ver primeiro para criar impressões depois: na melhor das hipóteses, a gente se surpreende; na pior, ficamos na mesma… Até a próxima semana.

Bonanças.

Atenciosamente,
Leishmaniose

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